Perdas inestimáveis, memórias inesquecíveis…

Ao menos a quem viveu. Arquiteturas que nasceram como monumentos ou eram apenas mera resposta à função marcaram o nosso atual, conhecido e adensado Calçadão Antônio Ladeira. Mais que tijolos, adereços e afins, cada edifício carregava consigo suor humano, amizades cultivadas em dias de chuva ou sol, talvez; não se trata de mera técnica construtiva, mas da imaterialidade do saber-fazer de uma época, a qual, não se pode retornar. Você pode se perguntar: “e se o fizéssemos de novo como era?” Bem, é uma opção, mas não seria autêntico.

 

É de conhecimento geral que, quando atribuímos valor a uma posse, mais que impossível de esquecer, ela se torna insubstituível. Entretanto, a mudança é necessária, o progresso bate à porta, não é? Pois bem, progredir, andar para frente. Absolutamente ninguém, em sã consciência, destrói suas crenças e experiências passadas para progredir, porque não é pertinente ignorar os aprendizados responsáveis pela consolidação do que hoje se é. Trata-se, portanto, de um processo contínuo e complexo de transformação, baseado no vir a ser, tornar-se, adaptar-se, contudo, carregando marcas do que já foi – aqui, uma observação relevante: o porquê de não empregar o termo evolução está ligado à inexistência de sinônimos perfeitos e, principalmente, porque há uma tendência em pormenorizar momentos anteriores no processo evolutivo.

 

Eis o ponto alto do discurso: a imagem de ancianidade que o centro da antiga Palmira possuía já foi quase que completamente perdida. Surge um novo questionamento: até quando? Lembrar do passado e conservá-lo não é um retrocesso. A passagem do tempo é inerente a tudo, sem exceções, até a você mesmo, porém, preservar assegura uma mínima perpetuação de uma coisa qualquer no tempo. Você observa a cidade em que vive, admira-a e tem orgulho? Talvez ela tenha certas faltas, mas, com total certeza, falta uma sensibilidade própria a nós, seres humanos e cidadãos, reconhecê-la como intrínseca e cuidar para evitar as perdas às gerações futuras. Mais que ato de preservação, conservar é uma ação de empatia. A história construída é didática e convidativa, simples de compreensão.

 

Um conselho: sejam amantes da alada Santos Dumont, sejam observadores atentos e dedicados, sejam lentos à apreciação do que os cerca! A história se faz hoje e não está presa em livros e nem no passado.

 

Kethelen de Souza

 
 

Kethelen de Souza nascida em julho de 2000, natural de Santos Dumont – MG, graduanda de Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), adepta do pensamento crítico e do olhar sensível ao que lhe cerca – principalmente, às pessoas.

 

Acredita que o portfólio, cuja valia não se estima, é o do conhecimento multíplice, pois mais que portas, destravanca engrenagens mentais, se houver esse desejo.

 

Para além de lugar no mundo, almeja se fazer marcante no campo das memórias através do compartilhamento dos aprendizados adquiridos em sua vida, especialmente, com relação à sua área de estudo, reforçando o fato de a arquitetura ser de todos e para todos.

 

Dentre seus hobbies estão a escrita e executar análises arquitetônicas, pautada na história e no que um determinado bem busca transmitir, contextualizando sua primeira produção para a Abaquar Cult.

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